Projeto Theses Médicas

Data 08/05/2009 10:50:00 | Tóopico: Notícias

O Banco de Theses de Médicos Mineiros é uma base dados dedicada a coleção de teses médicas do século XIX que integram o acervo de Obras Raras do Arquivo Público Mineiro. Essa base de dados constitui-se em importante ferramenta de pesquisa que pretende agilizar e ampliar a consulta desse conjunto documental por pesquisadores de diferentes áreas, em especial aqueles interessados na Historia da Saúde, que tem se revelado um campo promissor no interior dos estudos históricos.
O crescimento de pesquisas nessa área evidencia o interesse por um repertório específico de fontes que muitas vezes encontra-se inacessível, quer pela ausência de organização, as dificuldades no seu acesso, e mesmo a perda - no todo ou em parte - de acervos significativos. Dessa forma, a disponibilização e divulgação de conjuntos documentais são ações de importância equivalente à garantia de sua conservação física, uma vez que a informação só existe em processo.

A publicação desse novo instrumento de pesquisa quer contribuir para potencializar e facilitar sua consulta, apresentando informações relativas ao conteúdo, autoria, local e data de publicação, disponíveis para consulta ou impressão para uso não comercial. A coleção aqui apresentada é composta por 251 teses, encadernadas em 21 volumes, abrangendo o período compreendido entre os anos de 1836 e 1897.

O século XIX é visto pela historiografia como um marco para a história da saúde no Brasil. Nesse período inicia-se o processo de institucionalização da medicina no país, através da organização profissional e da regulamentação do ensino médico. Até as primeiras décadas do século XIX, o reconhecimento dos profissionais médicos foi atribuição do Protomedicato ou do Cirurgião-mor, que concediam diplomas mediante exames prestados perante uma banca nomeada para esse fim. Com a lei de 03 de outubro de 1832, a regulamentação da profissão tornou-se monopólio das Faculdades de Medicina que, a partir daquela data, tornavam-se responsáveis pela certificação dos profissionais. O mesmo decreto determinava que a obtenção do título de doutor, ao final do sexto ano do curso, estava condicionada à defesa pública de uma tese pelos candidatos aprovados nos exames dos anos precedentes. A exposição, geralmente, dividia-se em temas relacionados às diversas cadeiras cursadas, constituindo-se de um ponto central (dissertação) e outros três acessórios (proposições), tendo por objetivo fixar idéias sobre temas específicos.

Em geral, as referências feitas a esses trabalhos apontam para seu caráter pouco original e científico, acompanhando as avaliações feitas sobre o ensino médico do período, visto como anacrônico e deficiente. Porém, uma análise que esteja menos preocupada com o julgamento da verdade ou a validade das proposições apresentadas, encontrará nesse conjunto documental campo fértil de possibilidades de investigação histórica. Os quadros nosológicos dominantes; a influência das escolas internacionais; os sistemas médicos difundidos entre os estudantes e a elite médica; os debates que mobilizaram os profissionais; a organização do ensino médico; as terapêuticas mais difundidas; o próprio movimento da medicina como campo de conhecimento durante o período, são alguns dos temas que podem ser abordados através do estudo desse material. Muitos outros haverão de surgir do olhar e da pena de outros pesquisadores.

O Banco de Teses de Médicos Mineiros é produto de um projeto desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (Escola de Enfermagem) em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de Minas Gerais (Arquivo Público Mineiro) com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais, FAPEMIG.




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